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A Mantiqueira e suas origens

Foto do escritor: Lucas LimaLucas Lima

Reproduzo aqui texto publicado em nossa versão impressa Alta Mantiqueira #1 - Alagoa


por Alessandra de Abreu Kwamme e

Cainho Sícoli Seoane*


Para entender a história da formação desta serra é preciso viajar no tempo. Conheça geoatrativos da região

As rochas da Mantiqueira contam a história de uma colisão continental. Formadas a quilômetros abaixo da superfície, no interior da crosta terrestre, essas rochas emergiram como lindas montanhas.


 


O QUE SÃO ROCHAS

Rochas são agregados naturaisde minerais. Existem três tipos:


Magmáticas

Formadas quando um magma (rocha derretida) se resfria.

Sedimentares

Formadas quando os sedimentos (produto da erosão dos demais tipos de rocha) se depositam e vão se acumulando em camadas.

Metamórficas

Formadas quando qualquer tipo de rocha (magmática ou sedimentar), submetida a aumento de temperatura e pressão, passa por transformações dentro da crosta da Terra.


 


Há cerda de 800 milhões de anos existiu um mar onde hoje é o sul de Minas Gerais. Durante 240 milhões de anos os movimentos das placas tectônicas aproximaram 2 continentes até que estes colidiram.


Nesta época muitos pequenos continentes se juntaram na formação do Gondwana, o mega continente que reunia todos os atuais continentes do hemisfério sul, antes da abertura do Atlântico. Todo sedimento que existia no fundo desse mar primitivo, assim como as rochas que formavam os continentes que colidiram, foram transformados em rochas metamórficas de diferentes tipos.


Onde antes havia um mar, passou a existir uma imensa cadeia de montanhas, equivalente, em altura, ao Himalaia. Com o passar de milhões de anos, a erosão levou embora quase toda cadeia de montanha, restando apenas as suas raízes.


Túnel do Garrafão atravessa um morro de paragnaisse, uma rocha que já foi fundo do mar e hoje está no alto da montanha. Foto de André Sobanski


Quando uma rocha magmática, como um granito por exemplo, passa por transforma-ções (metamorfismo), se transforma em uma rocha metamórfica chamada de ortognaisse. Quando ocorre o metamorfismo em rochas sedimentares, estas podem se transformar em xisto e paragnaisse.


A maioria das rochas da Mantiqueira são metamórficas, predominantemente formada por xistos, paragnaisses, ortognaisses, além de granitos e outros tipos de rocha.


Corredeiras da Itaoca


Quando submetidas a extrema pressão e temperatura, as rochas apresentam um comportamento plástico e se deformam conforme o movimento das placas tectônicas. Ou seja, as rochas, ficam quentes e moles e conseguem acomodar a compressão causada pela colisão, se dobrando.


As dobras em rochas me tamórficas na margem do rio Aiuruoca são evidências de que essa região já passou por intensa deformação causada pela colisão de continentes antigos. Foto de Cainho Sícoli.

Esta estrutura na rocha, chamada de dobras, pode ser observada próximo à queda d’água nas Corredeiras da Itaoca. As rochas que afloram na margem do Rio Aiuruoca, neste geoatrativo, são um tipo de paragnaisse.


Pico do Santo Agostinho


A montanha que sustenta o pico e o topo rochoso é feito por um ortognaisse, com partes claras compostas pelos minerais quartzo e feldspato e partes escuras feitas do mineral biotita.


Cambuí


Localizado dentro do PESP, o Cambuí é um local onde funcionou um antigo garimpo de ouro. Pilhas de sedimentos acumulados no vale foram revirados e lavados por garimpeiros. Muitos minerais são encontrados no chão da trilha: quartzo branco e transparente, feldspato, muscovita e turmalina negra.


Quatzo, muscovita e turmalina negra. Os principais minerais encontrados no Cambuí e no parque.


Alagoa e seu ouro


O ouro é encontrado no meio dos sedimentos que se acumulam nos leitos dos rios e no fundo dos vales. Isso acontece porque o ouro é mais denso que a maioria dos fragmentos de rochas. Ou seja, uma pequena fração de ouro se acumula em pedaços maiores de outras rochas. Na época da exploração de ouro, garimpeiros vasculhavam os sedimentos nos leitos dos rios com suas bateias. Por esta razão o brasão do município de Alagoa simboliza um bateador.




* Alessandra de Abreu Kwamme e

Cainho Sícoli Seoane são geólogos da UFRJ, amantes do meio ambiente em geral e da Mantiqueira em particular

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