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  • Foto do escritorLilian Lima

As músicas dos anos 80 e seu efeito a longo prazo

Na década de 80, as pessoas ouviam muito rádio. Mais que isso. Num período em que nem se sonhava com internet, gravar músicas em fitas K7, direto das rádios, era a única forma de se curtir um som. Mas nem sempre o resultado dessas gravações era dos melhores. A maior parte das tentativas tinha a vinheta das rádios ou não tinha um trecho do início. Ou do fim, nos casos em que "acabava a fita". Pobres das gerações atuais que jamais saberão o que significa esta angústia.

Uma das fitas que meu pai gravou acabava um pouco depois da morte de João de Santo Cristo. E, na versão da fita, não dava para saber a parte que conta o que João tinha ido fazer em Brasília. O final ficava bem deprimente: "(...) e João não conseguiu o que queria..." (TEC). Esse "tec" enterrava todas as esperanças. Dava ao João um destino quase nietzscheniano. Eu chorava escondido, mas não tinha como saber de outro desfecho. Não era toda hora que o radio tocava as músicas que a gente queria.

O bom é que meus pais não gostavam muito de Legião e logo gravaram algo em cima.

Mas algumas músicas, de tanto serem repetidas em nosso toca-fitas nas nauseantes decidas de São Paulo para Santos, marcaram algum lugar bem lá no fundo do meu inconsciente e ficam martelando, me criando crises (e soluções).



Nos últimos anos, comecei a perceber que estava vivendo o "Ouro de Tolo" do Raul. Sei que eu devia estar contente porque eu tenho um emprego. Sou dito cidadã respeitável e ganho um tanto considerável de reais por mês... Eu devia agradecer ao Senhor por ter tido sucesso na vida como funcionária pública... Enfim. Você deve conhecer a música, que pode ser adaptada verso a verso, mas se resume em "eu acho tudo isso um saco". E a hora que essa ficha caiu, bateu quase um pânico.

Minha dor foi perceber que apesar de ter feito tudo, tudo que eu fiz, Belchior estava certo. Eu era a mesma e continuava vivendo como os meus pais.

Por isso, decidi fugir para o mato. Eu quero uma casa no campo, onde eu possa guardar meus amigos, meu celular com carregador e 4G e nada mais. Foi assim que eu vim parar em Alagoa. É pau, é pedra, é o fim do caminho. É um resto de toco. É um pouco sozinho. Mas é lindo demais aqui!

Em meio a tanto verde, se pode conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs. Você não quer acreditar, mas isso natural!

It's raining again... Bem, sempre chove por aqui, mas é tudo tão lindo!

Hoje vou montando novas playlists neste cenário tão fantástico. Estas montanhas são, para todo mal, a cura.

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